O Raul era um "mau" aluno assumido, até perceber que os desafios do mercado de trabalho eram muito diferentes daqueles que aprendeu na escola. Confira essa lição imperdível sobre sucesso profissional!
Nunca fui o melhor estudante da sala. Desde o ensino fundamental até a faculdade, nunca tive as melhores notas.
Talvez a preguiça tenha sido sempre o maior agravante para que minhas notas nunca tenham sido sensacionais, mas com o tempo percebi que minha preguiça não era de aprender, mas sim de decorar.
Entre o nosso sistema de educação “decoreba” e o mercado de trabalho, existe um abismo preenchido pela tão aclamada experiência.
Ela talvez não fosse tão necessária se professores compartilhassem experiências e ensinassem a resolver problemas reais ao invés de ensinar musiquinhas para facilitar a memorização de conteúdos aleatórios.
O mercado de trabalho precisa de profissionais que resolvam problemas, entre outras habilidades que eu listo abaixo:
1.Falar com pessoas
Seja falando em público ou em uma conversa entre duas pessoas, saber como conduzir um diálogo ou uma apresentação é uma habilidade essencial para quase qualquer área.
A escola e a faculdade até tentam forçar apresentações, mas normalmente quem nunca gostou, não evoluiu.
Como eu aprendi:
Comecei devagar, trabalhando no estoque de uma empresa e tendo que entregar peças para outros funcionário e clientes.
Mas com certeza o maior aprendizado foi como instrutor de informática um tempo depois, onde eu percebi que se eu não falasse, não ajudaria os alunos.
Hoje tenho reuniões, uma equipe e eventualmente dou palestras para públicos de pessoas que nunca vi, em cidades onde nunca estive antes.
2. Apresentar resultados
Ok, você é bom no que faz, mas como anda seu marketing pessoal? E sua apresentação de resultados?
Já diria aquela máxima, “quem não é visto não é lembrado”. Se você terminar um trabalho e não mostrar para ninguém, ninguém vai ficar sabendo.
Ou se só falar de forma desanimada “pronto, fiz”, o efeito é bem diferente do que se houver uma apresentação do resultado (desde um power point bonito até uma conta no guardanapo que mostra que a empresa ganhou algo com sua entrega).
Como eu aprendi:
Observando. Percebi o que muita gente percebe: os “puxa sacos” estão sempre ganhando aumentos e elogios. Mas não fiquei me lamentando por isso, nem me tornei um.
Percebi que o que falta aos que não são bajuladores, é mostrar que seu trabalho é bom antes que outra pessoa tome o mérito. Quem dá as boas notícias muitas vezes ganha o prêmio, mesmo que não seja quem fez.
Portanto, se você fez algo bem feito, mostre para quem se interessar. Tenha orgulho do seu trabalho e o apresente de forma convincente.
3. Boa vontade
As empresas costumam chamar de proatividade, mas seja lá qual for o nome, me refiro a saber que você não é uma máquina que precisa de comandos para executar a próxima tarefa.
Se terminou uma tarefa, busque a próxima, ou você pode realmente se sentir ameaçado por tecnologias como a robótica e a inteligência artificial.
Claro que isso é incentivado nas escolas, em que os alunos devem obedecer a comandos dos professores, e eu mesmo já fui repreendido por fazer exercícios da próxima aula.
Mas no mercado de trabalho o valor é outro.
Como eu aprendi:
Trabalhando em empresas pequenas, junto com os donos. Quem é empresário, principalmente em empresas pequenas, nunca para.
Se você trabalhar com alguém assim por tempo suficiente no início da sua carreira, a probabilidade de achar que esse é o único jeito de trabalhar é grande, e ajuda em qualquer trabalho futuro, seja como funcionário ou empreendedor.
4. Assumir responsabilidade
Trabalho em equipe é lindo, não? E também é uma ótima forma de dividir a responsabilidade.
Dizer que não ficou tão bom porque o outro não fez a parte dele é tão comum, que todo mundo já fez, seja na escola, na faculdade ou no trabalho.
É aí que surge a necessidade de um líder.
E os líderes normalmente são as pessoas que assumem responsabilidades, sejam elas fáceis ou difíceis. Boas ou ruins.
Não ter medo de dar a cara a tapa e bater no peito é uma habilidade incrivelmente poderosa.
Como eu aprendi:
Fazendo.
Sim, desde os trabalhos da escola eu sempre assumi a frente, deleguei tarefas e quando via que alguém não faria a atividade delegada, eu dava um jeito de resolver antes da entrega.
Normalmente eu chamava os outros colegas e fazíamos um mutirão para terminar, mas existiam casos em que eu fazia sozinho o trabalho dos outros.
Assumir responsabilidade muitas vezes pode ser visto como “ser passado pra trás”, mas se você combinar isso com a habilidade número 2 ("apresentar resultados"), o reconhecimento virá logo, como veio para mim, que com 23 anos assumi meu primeiro cargo de gerência.
5. Gestão de pessoas
Existem faculdades inteiras tentando ensinar como gerenciar uma equipe.
No entanto, não existe fórmula mágica para ser um bom gerente.
Não é uma ciência exata. É necessário ser adaptável, dinâmico, ter paciência, ser confiante...
A lista de qualidades é quase infinita.
Como eu aprendi:
Tendo colegas bons e ruins. Sim, nesse caso aprendi observando os erros e acertos dos gerentes e diretores com quem trabalhei.
E o mais importante, quando cheguei à posição de gerente, não me esqueci de tudo o que aprendi e continuo me esforçando para ser o gerente para quem eu gostaria de trabalhar.
Empatia é a palavra chave para manter sua equipe motivada.
6. Gestão de projetos
Toda empresa tem projetos.
Não são apenas projetos de novos produtos ou prédios que precisam de gestão.
Expandir seu escritório, abrir uma nova loja, trocar de fornecedor ou mesmo contratar um novo funcionário.
Tudo isso pode ser visto como um projeto e tem que passar por uma série de análises e planejamentos para dar o resultado esperado.
Como eu aprendi:
Assim como a gestão de pessoas, o jeito foi observar erros e acertos.
A matéria de gestão de projetos na faculdade, lendo teorias e criando cronogramas fictícios não me ajudaram muito.
E minha nota 6,0 não condiz em nada com os resultados que apresento hoje como Gestor de Pesquisa e Desenvolvimento em uma indústria de equipamentos médicos.
O maior segredo aqui é saber que a análise e planejamento não são apenas as etapas iniciais e mais importantes, mas que elas devem ser feitas todo dia. Uma boa dica é largar as teorias conservadoras como o PMBOK e partir para os métodos ágeis, como o Scrum.
7. Dizer sim
Sempre aprendemos que só podemos fazer aquilo que sabemos.
No entanto, muitas vezes é necessário assumir o risco de aceitar um trabalho que você não sabe como fazer.
Nesses casos existem duas saídas: aprender ou contratar quem sabe.
Como eu aprendi:
A escola diz que é necessário ter um professor para que você aprenda algo novo.
No entanto, eu sempre fui curioso e aprendi muita coisa sozinho, apesar de não me considerar um autodidata.
Com um pouco de confiança, coragem e otimismo eu aceitei muitos desafios que não sabia como resolver.
E com muito esforço, horas de Google e conversas com quem sabia, consegui superar muitos deles.
Mas é claro, não todos. É importante saber a hora de admitir que não sabe e terceirizar o trabalho.
8. Dizer não
Tão importante quanto aceitar desafios, é recusar prazos impossíveis, trabalhos absurdos e qualquer coisa que não gere lucro.
Claro que recusar trabalho não é fácil e ninguém nos treina para isso, principalmente quando quem está pedindo é seu chefe ou um cliente importante.
Mas ainda assim as vezes é necessário para não gerar prejuízos ou atrasar outras atividades mais importantes.
Como eu aprendi:
Da pior maneira, aceitando tudo por algum tempo e não conseguindo entregar nada.
Além de atrasar tudo, nada gerava lucro, pois não era feito da melhor maneira.
Claro que eu não comecei a simplesmente falar não para o diretor da empresa, mas passei a apresentar números e dizer “Olha, se eu aceitar esse projeto, o outro não vai sair e teremos dois problemas”.
O segredo é não recusar imediatamente, pois pode parecer que você só está querendo fugir do trabalho. Pegue a demanda, analise e apresente o resultado para quem pediu, mostrando porque não vale a pena.
9. Hierarquia não é superioridade
Muito diferente do que na escola, onde sempre se espera que o professor saiba mais do que os alunos, seu chefe não precisa saber mais do que você.
Na verdade, muitas vezes o funcionário só está lá porque o chefe não sabe ou não é o melhor em fazer determinada atividade.
A habilidade do chefe é gerencial e a do outro pode ser operacional, lógica, artística e por aí vai.
Como eu aprendi:
Entendendo como uma empresa funciona.
Trabalhei em uma lan house em que o dono não sabia mexer na internet, em uma indústria em que o dono era médico, em um setor de assistência técnica em que o gerente era administrador, entre outras.
Com isso comecei a questionar se existia algum problema.
E a resposta é "não" na maior parte dos casos.
Desde que quem sabe o que fazer e como fazer tenha autonomia para isso, o chefe só precisa saber contratar as pessoas certas, planejar, definir prioridades e dar recursos para que o trabalho seja feito.
10. Resolver problemas
Essa é a maior habilidade que um profissional pode ter.
E não estou falando do problema de quantas maçãs ficam com o Joãozinho da aula de matemática.
Estou falando de problemas reais, como o que fazer quando seu cliente está insatisfeito com o seu produto ou serviço, ou como lidar com um atraso na entrega de algo importante.
Essa habilidade talvez seja a mais difícil de adquirir, mas a mais importante.
Como eu aprendi:
Principalmente, assumindo responsabilidades e tendo boa vontade.
Quando se aceita uma tarefa e no meio do caminho surge um problema, não existe outra saída.
O problema precisa ser resolvido, e a responsabilidade é sua.
Quem resolve problemas é sempre bem-vindo no mercado de trabalho, já que na verdade o que quase toda empresa oferece é a solução para o problema do cliente.
Então se você fugir de um problema, pode estar fugindo de um cliente.
Hoje em dia eu busco problemas!