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O Cinema e as Redes Sociais.

O Cinema e as Redes Sociais.
Centro Europeu
jul. 29 - 3 min de leitura
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A ascensão das redes sociais modificou intrinsecamente a maneira com a qual as pessoas consomem e produzem audiovisual. A praticidade de gravação oferecida pelos smartphones e o aumento da velocidade da internet resultou num comportamento audiovisual online jamais antes visto na Terra. Tal revolução tecnológica fez com que o uso de celulares (e suas câmeras) se tornasse natural.  Tanto o conteúdo de fala quanto o manuseio da câmera são comumente realizados com uma espontaneidade que acaba por gerar uma sensação de intimidade no espectador – o que, por sua vez, produz engajamento e, portanto, torna-se uma ferramenta útil na jornada do produtor de conteúdo. Há alguns anos, quando os smartphones ainda não existiam, para que o fã de uma banda ou artista pudesse assistir conteúdos de seu ídolo, ele tinha que acessar o Youtube ou vasculhar a internet atrás de entrevistas e materiais de seu objeto de interesse. Hoje em dia, o mesmo fã pode entrar na página de Instagram de seu ídolo e lá assisti-lo na intimidade de sua mansão enquanto faz carinho em seu cachorro e cozinha para seus filhos. Ou seja, a junção dos smartphones com as mídias sociais acabou por estreitar as relações entre espectadores e produtores de conteúdo.

O celular torna-se, portanto, uma extensão do corpo humano.

A naturalidade com a qual se levanta o braço que carrega um celular na mão enquanto grava-se a si mesmo é o que faz com o que o espectador sinta espontaneidade e intimidade ao assistir o conteúdo em questão. É extremamente diferente a sensação de assistir um vídeo que foi gravado no modo selfie (câmera da frente gravado a si mesmo) do que assistir um vídeo gravado por um terceiro, mesmo que o enquadramento seja um close. Isso se dá devido a diversos fatores, entretanto, do ponto de vista fotográfico, esse fenômeno é diretamente influenciado pela forma com a qual o celular é manuseado como extensão do corpo humano – conforme o ator se movimenta, seu braço segue o fluxo que, por sua vez, gera movimentos de câmera completamente ligados a maneira com a qual o corpo humano se movimenta.

É importante que o produtor de conteúdo entenda o propósito de cada uma de suas peças audiovisuais.

Isso significa que, para cada tipo de mensagem a ser passada, existe uma solução técnica audiovisual que melhor atende às necessidades do conteúdo em questão. Atualmente, as mídias estão recheadas de correntes ou campanhas que pontualmente geram picos de consumo e requerem uma linguagem diferente da aqui citada. O ‘Ice Bucket Challenge’ (desafio em que pessoas jogavam um balde cheio de gelo em si mesmas), por exemplo, gerou muito engajamento na época em que foi popularizado e é um tipo de conteúdo que nem consegue ser realizado com a câmera no modo selfie. O entendimento das ferramentas audiovisuais e seus impactos psicológicos no espectador é crucial para que a certificação de que a melhor técnica audiovisual está sendo empregada na realização da ideia ou roteiro em questão.

Texto escrito pelo professor de Direção de Fotografia e Edição do curso de Cinema Rodrigo Almeida Leite.

Cinema no Centro Europeu.


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