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Nova Zelândia: nove meses na terra dos kiwis

Nova Zelândia: nove meses na terra dos kiwis
Bruno Bastos
jan. 30 - 8 min de leitura
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O empreendedor é global. Pode não viajar todo ano, mas precisa conhecer as culturas estrangeiras e as oportunidades lá fora. Confira o que o Bruno Bastos tem pra te contar! ;)

 

"Não quero ir pra onde todo mundo tá indo".

E foi com esse argumento, extremamente responsável e maduro (sqn), que iniciei uma das mais importantes etapas da minha vida, me mudando para Auckland em 2017. 

Bem... decidir é fácil, complicado mesmo foi providenciar tudo que precisava para tornar meus planos realidade.

Minto, não foi complicado foi cansativo, afinal diferentemente do visto de turista, que é muito mais simples, o visto de estudante demanda alguns documentos a mais inclusive testes de inglês, comprovação de pagamento para a instituição de ensino, documento da instituição de ensino comprovando a aceitação do pretendente, entre outros.

A grande facilitação disso tudo, é que o processo é todo online dispensando qualquer visita ao consulado neozelandês no país.

Não obstante, precisei de um mês para providenciar todos os documentos necessários e submeter meu processo para avaliação. E lá se foi o primeiro item da lista.

Segundo item: um teto.

De alguma forma que não me lembro como, encontrei um site de busca por flatmates e foi através dele que entrei em contato com uma mulher que alugava quartos em um subúrbio (como eles chamam bairro) a 20 minutos, de ônibus, do centro.

Como na NZ moradia é bem caro, especialmente ao redor de Auckland e Wellington, é bem comum o hábito de dividir casa ou apartamento a fim de reduzir custos. Eu dividia a casa com mais oito pessoas e a locatária morava logo acima de nós eventualmente com mais uma ou duas pessoas. 

Uma vez asseguradas minha ida e estadia, eu tinha que garantir que eu teria meios financeiros de me sustentar no país pelo tempo que precisasse/quisesse.

Como não estava disposto a viajar com milhares de dólares em espécie na carteira, ainda no Brasil, abri uma conta em um dos principais bancos do país, tudo online, simples e rápido.

Transferi meu dinheiro e bastava encontrar-me com meu gerente lá para ativar minha conta e pegar meu cartão.

Na real, o processo bancário lá é tão desburocratizado que eu quase inventava desculpas só para ir ao banco. Era uma maravilha.

Essas foram minhas preocupações prévias à minha partida para a terra do Senhor dos Anéis, e uma vez resolvidas, só me restava partir de fato para o outro lado do globo.

A partir de agora, vou me ater a tópicos mais interessantes para quem esteja interessado em conhecer o país. Acho importante frisar que falo do ponto de vista de alguém que não dispunha de muitos recursos.

Já mencionei que moradia é cara, mas não apenas moradia; alimentação, transporte e turismo não ficam para trás. 

O país além de ser pequeno não possui muitos prédios, soma-se a isso uma alta taxa de imigração (principalmente asiáticos, árabes, europeus e chilenos) temporária ou não, e o país tem em suas mãos uma crise de moradia bem acentuada elevando os preços e condições de aluguel a situações abusivas.

Mas, com alguma paciência, é possível encontrar lugares decentes para morar. 

Terceiro item: comida.

A comida nos supermercados e feiras não é cara desde que você esteja atento à sazonalidade das frutas e verduras (no Brasil não sentimos tanto essa diferença, mas lá é possível ver o preço do tomate quintuplicar de uma semana para a outra).

Porém, comer fora pode se tornar um privilégio de alguma alguma data comemorativa. Até arrumar emprego, eu me abstinha de comer fora de qualquer forma, bastava fazer a conversão dos preços das refeições que eu tinha um mini ataque cardíaco (é aquela estória: quem converte não se diverte).

Depois que me empreguei, eu me permitia fazer lanches fora, mas restaurantes só fui uma vez pra nunca mais.

Quarto item: locomoção.

Quanto ao transporte, a NZ é uma decepção e orgulho ao mesmo tempo. 

Explico: ao mesmo tempo em que os meios de transporte são caros (5-6 dólares a passagem de ônibus (trecho) por exemplo) eles funcionam muito bem e têm certas facilidades.

Eu me locomovia 99% do tempo de ônibus, por isso falo majoritariamente desse meio de transporte.  A passagem é caríssima (decepção), mas qualquer um pode comprar um Hop Card que reduz o preço da passagem em uns 40% (orgulho); e apesar de se pagar pelo trecho da viagem, desde que você pegue o próximo ônibus em menos de meia hora, você só paga um trecho.

Todas as paradas de ônibus têm uma tabela com os horários dos ônibus que passam ali, e com exceção de raros casos (chuva torrencial por exemplo), os ônibus tendem a estar no horário.

Além disso, a empresa de transporte de ônibus de Auckland possui um aplicativo onde além de ser possível visualizar horários etc, é possível ver a localização do ônibus que você deseja em tempo real, evitando que você passe muito tempo na parada esperando.

Quinto item: turismo!

O turismo é o carro chefe da economia do país, mas nem por isso ele é barato. 

Embora as trilhas espalhadas pelas ilhas (muito bem sinalizadas e com estacionamento, banheiros e ponto de apoio) sejam todas gratuitas e dispensem guias, o mesmo não se pode dizer de outras atividades, especialmente as radicais.

Na terra do bungee jumping, se você estiver atrás de adrenalina, esteja preparado para desembolsar uma grana substancial para bancar suas emoções.

O turismo Maori também não é dos mais baratos, embora se você tem interesse em conhecer a cultura deles, há muita coisa gratuita pelo país; principalmente se você der a sorte de pegar alguma data comemorativa.

Em contrapartida, os museus tendem a ser bem acessíveis sendo gratuitos ou bem baratos no geral (mas não o de Auckland).

É interessante salientar que a Nova Zelândia não possui uma cultura própria per se.

Há, é claro, a cultura Maori bastante presente no país, pois eles são bem inclusos no dia a dia da sociedade, porém o neozelandês branco descendente de europeus é totalmente desprovido de cultura própria em todos os sentidos.

Não há uma culinária típica neozelandesa, música típica, dança, arte, moda... nada. O que não significa que seja um país aculturado.

Muito pelo contrário, há tantos povos diferentes e de tantos lugares, que na verdade é quase impossível passar-se um fim de semana sem algum festival cultural de algum país. Só morre de tédio na NZ quem fizer força.

No mais a Nova Zelândia é só felicidade. É verdade que o clima pode incomodar um pouco, já que venta muito e chove o tempo todo (pelo menos em Auckland), principalmente para os mais sensíveis ao frio. Mas é possível agradar tanto os apreciadores de praias e calor quanto aqueles que preferem frio e neve. 

É um país bastante seguro no geral, onde as pessoas saem pra correr sozinhas a noite em ruas mal iluminadas sem preocupações (isso me espantou inicialmente).

As ruas e avenidas estão sempre em boas condições e isso inclui as estradas, não lembro de ter passado por uma via sequer que não estivesse devidamente pintada e sinalizada ou que tivesse um buraco por menor que fosse.

Possui uma beleza natural fora do comum, exibindo montanhas, florestas, vales, praias, lagos e rios bastante exuberantes.

Termino esse texto falando do povo (ou deveria dizer povos?) neozelandês. Eles são no geral educados, amistosos e conversadores, de sorriso fácil e sempre prontos para falar do tempo.

E não estranhe ou se ofenda se alguém perguntar da onde você é. Em um país formado por tantas culturas diferentes essa pergunta funciona como um dos principais quebra-gelo deles.


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