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É preciso saber viver

É preciso saber viver
Claudia Queiroz
out. 29 - 4 min de leitura
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Se uma pessoa come um pacote de pipoca em 30 minutos, duas levam quanto tempo? Desafio de cálculo à parte, essa resposta não é exata. Menos? Por que ninguém quer deixar que o outro coma tudo ou mais que ele? Mais? Já que estão em dois podem conversar? Percebe como a lógica da vida é diferente das respostas fabricadas pela matemática na escola?

É bem provável que nunca terminemos de estudar se mantivermos curiosidade para aprender aquilo que nos interessa. Isso significa que títulos e diplomas nem sempre garantem segurança no conhecimento. A Era da informação online, com tanta quantidade de notícias, ‘fakenews’ e versões sobre acontecimentos, gera opiniões instantâneas num volume muito além da capacidade humana de absorção. Sofremos uma espécie de ‘overdose’ de conteúdo.

A inteligência para nos adaptar a tudo isso é desenvolver habilidades para ‘reaprender a aprender’ através da gestão da emoção, do tempo, da empatia, da produtividade, da negociação, da informação… De que adianta saber fórmulas da física, da matemática ou decorar os elementos da tabela periódica se não entendermos para que aplicar o conhecimento no dia a dia?

Valorizo histórias de vida, superações, construções e desconstruções pessoais capazes de lapidar, inspirar, resolver, adaptar e ainda permitir soluções fora do comum. Eu não tenho a menor ideia como minha filha, hoje com 3 anos, vai ‘receber’ na escola a teoria da relatividade de Einstein ou a lei da gravitação de Newton. Mas quero que ela raciocine muito antes de procurar as “respostas certas”.

Durante boa parte da minha infância, estudei num colégio que não exigia uniforme. Antes de ser considerada excepcional a educação aplicada, hoje conhecida como construtivista, a escola já valorizava os alunos pelo primeiro nome, não por números ou sobrenomes. 

Situações que não podiam ser administradas dentro da sala de aula, pela professora, eram resolvidas junto à direção, mas sem qualquer imposição de medo ou ameaças com cartinhas que delatavam alguma desobediência aos pais…

Crianças com limitações físicas e até mesmo mentais participavam da rotina habitual da turma e eram cuidadas com carinho por todos nós, sem sofrer qualquer discriminação. O que é isso, senão acessibilidade desde sempre? O ideal de construção de realidade social. Esse modelo influenciou o desenvolvimento da minha personalidade.

Presídios, exército, algumas escolas e indústrias impõem padrões rigorosos de obediência às regras e normas. Todos iguais, inclusive usando uniformes, num mundo que valoriza diferenças? Pode ter algo errado aí… Pelo menos no quesito educação, espero que haja evolução na didática e nos estímulos do saber. O objetivo final da sequência de formação do ensino fundamental ao ‘pós-doc.’ não pode mais ficar no acúmulo de conhecimento teórico. É preciso saber viver!!! Para isso, são necessárias infinitas descobertas.

Quando que poderíamos imaginar duas mulheres sendo enviadas sozinhas ao espaço para resolver um problema elétrico numa estação espacial? Poucos dias atrás, a NASA (agência espacial norte-americana) anunciou a missão da inédita tripulação exclusivamente feminina, após 50 anos da primeira visita à lua. Levou seis meses a mais do que o previsto por conta da confecção da roupa das astronautas a bordo, mas isso é um mero detalhe.

Animador né? Conquistamos o espaço e isso significa possibilidades gigantes para a capacidade e competência das mulheres. Quanto ao retorno, o tempo estipulado do trajeto não poderá sofrer qualquer variação, já que esta área será calculada por um robô. Elas poderão conversar e comer pipoca pelo tempo que quiserem, mas chegarão pontualmente no horário combinado. Santo Robô!

A elas, além do conserto, caberá desfrutar da fama merecida. Deve ser incrível a sensação de ‘ter tudo no lugar’ sem sofrer o que conhecemos tão bem com a lei de Newton, expressa como “…a atração na razão direta de duas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separam”. Traduzindo, gravidade.

Lá no espaço, se eu fosse uma delas, não perderia por nada desse mundo a oportunidade de tirar o capacete e fazer uma selfie ‘sem qualquer interferência da força da gravidade’! Mas esse é mais um desafio que precisa ser muito estudado…

Claudia Queiroz é jornalista.


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