A queda do Muro de Berlim é um marco histórico. Além de unificar uma população, também foi responsável pela consolidação do techno alemão como um grande referencial da música eletrônica.
Esse texto tem o intuito de evidenciar alguns fatos, presentes em determinado recorte temporal, que ajudaram na consolidação do gênero na cidade.
A formação da identidade do techno
O Techno é um dos estilos mais difundidos e conhecidos de música eletrônica. Sua formação é advinda de muitos gêneros musicais que ajudaram a caracterizar uma identidade única a este grande pilar da e-music. De origem urbana e underground, essa vertente ajudou a formar a cena eletrônica mundial como conhecemos hoje.
Esse estilo começou a ser desenhado na década de 1980, em Detroit. Após isso, em consenso comum dos produtores musicais da época, em 1984 a palavra "techno" começou a ser difundida como identificação do gênero, mas foi só em 1988, quando Neil Rushton lançou a compilação "Techno! The New Dance Sound of Detroit" pela Virgin Records, que o termo passou formalmente a descrever esse tipo de música.
Conforme os artistas da época começam a tomar gosto pelo techno, o público só aumentava. Inicialmente com festas em locais como centros de atividades de igrejas, galpões abandonados e auditórios, não demorou para que o estilo atraísse atenção de investidores e ganhasse clubes destinados a ele.
A chegada e consolidação em Berlim
A música enérgica, industrial e futurista do estilo não demorou muito para romper fronteiras e ganhar a Europa. Sua chegada na Alemanha é contemporânea a pressão que se fazia para a derrubada do muro que dividia sua capital, Berlim, sendo o techno um dos elementos que ajudaram a iniciar uma unificação pré-queda do muro.
As pessoas dos dois lados da divisão se reuniam clandestinamente, antes da reunificação, criando uma nova cena de festas nas ruínas da divisa. Após a queda, em 1989, isso se intensificou e os prédios abandonados tornaram-se o terreno fértil que o techno precisava para crescer e se tornar um dos estilos musicais mais presentes na nova era de Berlim.
O gênero ajudou a mudar a cidade e também foi alterado por ela. Em solo alemão, os produtores de techno se sentiram livres para inserir notas e arranjos de pianos e alguns instrumentos alterados ou sintetizados, o que tornou o estilo mais melódico e introspectivo, características muito usadas até hoje em algumas subvertentes de techno.
A energia futurista e urbana do estilo, de certa forma, ajudou a dar uma cara ao movimento de uma nova era, que a cidade passava na época. Berlim precisava formar sua nova identidade e achou no gênero que acabará de surgir um dos elementos para trilhar esse novo caminho.
Com o tempo, lendários clubes de techno surgiram nos prédios abandonados da antiga divisão e formaram mais que uma identidade para a cidade, ajudaram a consolidar Berlim como um pólo de referência para o estilo.
Da consolidação à atualidade
Atualmente, a região onde se encontrava extinto muro é muito diferente do que foi naquela época. A perspectiva quase distópica que o cenário garantia, é praticamente inexistente. Ao invés disso, encontramos uma cidade que respira cultura, moderna e extremamente acolhedora, mas que ainda tem o techno como um de seus principais atrativos.
O estilo, assim como Berlim, evoluiu! Além de todo o avanço tecnológico de sua produção técnica, a formulação cultural em que o gênero é produzido também é outra e, mesmo com a infinidade de subvertentes que o gênero possui atualmente, isso pode ser visto claramente ao se comparar o techno daquela época com o atual.
Contudo, para quem deseja se inteirar mais do assunto, confira abaixo o documentário "We Call It Techno!", disponível online ele dá um viés mais completo sobre a chegada do estilo na cidade alemã, bem como sua consolidação.